Sindicatos em Ação - Edição 24 - Fevereiro de 2017 - page 29

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D E P E C O M
A consequência do desarranjo que passamos foi
que a economia brasileira amargou um recuo de
3,8% em 2015, e uma provável redução de 3,5%
em 2016, marcando dois anos consecutivos de
queda, algo que não ocorria no Brasil desde o biê-
nio 1930-31. Vale destacar que a redução acumu-
lada esperada para o PIB entre 2015 e 2016, da
ordem de 7,0%, será superior ao observado nos
anos 1930-31, que foi de 5,3%. Experimentamos,
sem dúvida, a mais profunda e longa das reces-
sões da economia brasileira. No caso da indústria
de transformação, a redução do seu PIB em 2016
deve ter ficado próxima a uma contração de 6%,
registrando o terceiro ano de queda, retroceden-
do para o nível do início de 2003, uma destruição
sem precedentes na produção do setor.
Os desafios colocados para que o país volte a cres-
cer possibilitando, principalmente, a retomada
dos empregos e da renda perdidos são imensos e
podem acelerar ou reduzir o ritmo da recupera-
ção. O cenário para o mercado de trabalho per-
manecerá negativo neste ano. A taxa de desem-
prego, após encerrar em 6,5% em 2014, atingirá
13,3% no final de 2017. Em termos de contingen-
te, o número de desempregados passará de 6,5
milhões em 2014 para 13,9 milhões em 2017, um
salto de 7,5 milhões em três anos. Com relação
ao rendimento do trabalho, a projeção é de um
recuo, em termos reais, de quase 3,0% em 2016 e
uma queda de 1,0% em 2017.
A boa notícia, no entanto, é que já há alguns sinais
positivos no cenário econômico que permitem
antever um processo de recuperação em 2017.
Destacando-se a expectativa de um ciclo de redu-
ção mais intenso da taxa de juros (Selic) e a pers-
pectiva de manutenção da taxa de câmbio próxi-
mo dos níveis atuais. A melhora da confiança da
indústria em janeiro, captada pelas sondagens da
CNI e FGV, já refletem a incorporação dessas per-
cepções pelo empresariado industrial.
As projeções do DEPECON apontam para um
crescimento do PIB de 0,80% em 2017. E 1,9% do
PIB da indústria de transformação.
Em suma, diante da acentuada deterioração dos
fundamentos econômicos visto até o segundo se-
mestre de 2016, vivemos a mais profunda e longa
das recessões da economia brasileira. Para 2017,
acreditamos que a economia dará início a um
processo de recuperação que, na nossa avaliação,
será bastante lenta e gradual frente aos imensos
desafios colocados, principalmente relacionados
ao endividamento de famílias, empresas e gover-
no. A aceleração das reformas propostas pode dar
um gás adicional ao processo de recuperação que
se inicia neste momento.
Guilherme Moreira
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