Sindicatos em Ação - Edição 32 - Junho de 2018 - page 4

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sindicatos em ação
| junho 2018
José Ricardo Roriz Coelho
As taxas médias cobradas do crédito consignado
de aposentados e de funcionários públicos são, res-
pectivamente, 7 e 6 vezes maiores do que o spre-
ad médio de pessoas físicas da Itália e da Suécia,
países com metodologia de juros comparável à do
Brasil e que divulgam dados de pessoas físicas.
Por que então o spread é tão alto no Brasil? A res-
posta está no poder de mercado dos bancos. Em
plena crise, os bancos conseguiram reduzir as con-
cessões de crédito e aumentar a taxa de juros de
empréstimos – e tiveram maior lucro, ao contrário
de grande parte das empresas não financeiras.
Pesquisa recente elaborada pela Fiesp estima que
se em 2017 os bancos tivessem cobrado spreads
Por que então
o spread é tão
alto no Brasil? A
resposta está no
poder de mercado
dos bancos. Em plena crise, os
bancos conseguiram reduzir
as concessões de crédito e
aumentar a taxa de juros
de empréstimos – e tiveram
maior lucro, ao contrário de
grande parte das empresas
não financeiras.
semelhantes aos que foram praticados entre 2012
e 2014, cairia de 10,1% para 6,7% o comprometi-
mento da renda das famílias com o pagamento de
juros, o que liberaria R$ 141,6 bilhões na economia
e incrementaria significativamente o consumo e a
produção industrial.
Portanto, é preciso atacar com firmeza a falta de
concorrência, que possibilita aos bancos cobrar ju-
ros abusivos e manter lucratividade destoante dos
demais setores da economia. A campanha Chega
de Engolir Sapo, lançada em março pela Fiesp, dá
um passo importante ao conscientizar a sociedade
de que a redução do custo do crédito deve ser tra-
tada como uma prioridade para que o país consiga
reduzir o desemprego e aumentar a renda.
José Ricardo Roriz Coelho é presidente em exercício da Fiesp e do Ciesp
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