Sindicatos em Ação - Edição 18 - Janeiro de 2016 - page 10

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sindicatos em ação
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O ano de 2016 se inicia sem muitos motivos para come-
morações, todos os indicadores que olhamos nos mostram
péssimos sinais à frente. As projeções do Departamento de
Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) apontam que
a economia brasileira encolheu 3,5% em 2015 e encolhere-
mos pelo menos outros 2,1% em 2016. Ademais, a enorme
incerteza sobre a trajetória das contas públicas contribui para
manter a confiança do empresariado em níveis historicamen-
te deprimidos, minando dessa forma uma eventual retomada.
O cenário da Indústria de Transformação é ainda mais de-
solador. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do
setor mostram que encerramos 2015 com queda de 9,5%,
não devendo nos esquecer que essa contração se deu so-
bre um 2014 também ruim, com um resultado negativo
de 3,8%. O volume de produção física da Indústria de
Transformação encontra-se, atualmente, no mesmo nível
de 2005 e para 2016 espera-se uma queda de pelo menos
5% do PIB do setor.
A consequência desses números é que
a Indústria de Transformação brasileira
encerrará o ano de 2016 com uma par-
ticipação no PIB inferior a 10%, menor
patamar da série histórica, que se iniciou
lá em 1947 no início do processo de in-
dustrialização nacional. A análise desses
indicadores levanta uma questão funda-
mental neste ano:
É possível o país retomar o crescimento sem a Indústria
de Transformação?
Nos países desenvolvidos, o processo de redução da In-
dústria de Transformação no PIB seguiu uma trajetória
“natural”, onde o aumento da renda per capita a partir de
um certo nível possibilitou o aumento da participação do
setor de serviços de elevado valor agregado no PIB. No
entanto, mesmo nos países que o setor serviços se tornou
carro chefe do crescimento, a participação da Indústria
no PIB ainda é superior a do Brasil, por exemplo: Alema-
nha (19,1%), Japão (20,0%), Área do Euro (15,3%) e EUA
(12,7%). Portanto, a desindustrialização no Brasil não re-
flete um processo virtuoso de mudança estrutural. Dadas
as condições do mercado de trabalho brasileiro, o setor
que mais agrega valor no PIB ainda é a Indústria, abrir
mão desse setor significa reduzir nosso potencial de cres-
cimento futuro.
Precisamos da
I NDÚS TR I A ?
11,9
11,3
13,2
16,7 16,3
19,9
21,6
17,5
16,4
16,9
17,9
13,9
10,9
10,2
9,9
Participação da Indústria de
transformação no PIB, em %
CRISE NA INDÚSTRIA
Participação do setor em 2014 é o mais baixo desde 1947
Golpe
Militar
JK, com lema
50 anos em 5
Abertura
Econômica
Plano
Real
JK
DitaduraMilitar
Sarney Collor
FHC
Lula
Dilma
Fonte: IBGE. Metodologia: Bonelli & Pessoa, 2010 Elaboração: DEPECON/FIESP
1947
1956
1961
1990
1985
1979
1964
2003
1995
2014
2011
2015
2016
1,2,3,4,5,6,7,8,9 11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,...36
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