Sindicatos em Ação - Edição 11 - Novembro de 2014 - page 19

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Teria fort
impacto
Não respondeu
Uma indústria de transformação mais competiti-
va e dinâmica potencializa o avanço da produtivi-
dade, do investimento e do capital humano. Isso
acontece por um conjunto de atributos do setor,
apresentados a seguir.
A indústria de transformação é uma indutora fun-
damental para a expansão do investimento produ-
tivo. Apesar da perda de participação no PIB, a in-
dústria de transformação oferta boa parte dos “bens
de investimento” da economia. Segundo as Contas
nacionais, nos últimos anos, a Indústria de Trans-
formação foi a origem de 55% de toda a FBCF (For-
mação Bruta de Capital Fixo) realizada pela econo-
mia nacional. Logo, uma manufatura dinâmica e
competitiva é capaz de engendrar um círculo virtu-
oso de novos investimentos produtivos
1
, condição
necessária para o crescimento econômico.
Dentre os maiores setores de atividade, a indús-
tria de transformação é o que mais recompensa
com aumentos de salários o aumento do grau de
escolaridade. O salário real nos níveis superiores
de escolaridade é mais elevado na manufatura, se
comparado com o setor de serviços (com ou sem
comércio) e a agropecuária
2
. Além disso, a ativi-
dade industrial emprega pessoas com maior grau
de formalização, o que implica respeito a direitos
sociais e previdenciários.
A indústria de transformação é, ainda, capaz de
agregar alto valor por trabalhador, em especial
nos países emergentes em trajetória de desenvol-
vimento semelhante à do Brasil. Enquanto o valor
adicionado médio por trabalhador para o conjun-
to da economia brasileira é de R$ 37,8 mil, na in-
dústria de transformação é de, em média, R$ 49,6
mil, ou 31,3% superior
3
.
É a principal origem das atividades de invenção, ino-
vação e difusão de novas tecnologias, as quais susten-
tam aumentos contínuos de produtividade por toda a
economia, criando também as condições necessárias
para o surgimento de um setor de serviços de elevado
valor agregado (exemplo Apple e IBM).
Com base nas evidências elencadas, fica claro não so-
mente a grande capacidade da manufatura de influen-
ciar positivamente os fatores determinantes do cresci-
mento econômico em longo prazo – produtividade,
investimento e capital humano –, bem como seu papel
central como vetor de crescimento, capaz de traduzir o
maior ativo econômico brasileiro, que é o mercado in-
terno, na forma de maior produção, emprego e renda.
Se o país almeja ingressar no clube dos países desen-
volvidos emumreduzido espaço de tempo, será neces-
sário que se recupere a capacidade de investir, que está
fortemente associado à retomada do setor industrial.
A história de outros países, sobretudo os asiáticos
com destaque para Japão e Coreia do Sul, mostra ser
possível um rápido crescimento da renda em um pe-
ríodo relativamente curto. O fato comum entre esses
países é existência e a execução de um plano de longo
prazo para o desenvolvimento do país, que combine
ações para ampliação da competitividade sistêmica da
economia (educação, infraestrutura, juros, eficiência
tributária etc.) com uma política industrial vinculada
a esses objetivos, priorizando setores com base na im-
portância estratégica que terão para o futuro do país.
No caso brasileiro, estamos abrindomão de umpatri-
mônio conquistado a duras penas durante cinquenta
anos que é uma indústria forte e diversificada. Mais
preocupante ainda, é que estamos perdendo nossa in-
dústria antes de se criar as condições necessárias para
o desenvolvimento de um setor serviços de elevado
valor agregado associado ao setor industrial, que foi a
opção feita por países que obtiveram sucesso no de-
senvolvimento econômico e social.
*Diretor do Departamento de Pesquisas e Estu-
dos Econômicos (Depecon) da Federação das In-
dústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)
Paulo Francini
[1] Média da FBKF entre 2005 e 2009 – Contas Nacionais IBGE.
[2] Fonte: Relação Anual de Informações Sociais – RAIS-MTE.
[3] Contas Nacionais IBGE a preços de 2011.
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