Sindicatos em Ação - Edição 10 - setembro de 2014 - page 4

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sindicatos em ação
| setembro 2014
Benjamin Streinbruch
foto: Kenia Hernandes
Não bastasse essa situação completamente fora
dos padrões observados para um ano eleitoral,
falta ao Brasil um plano de desenvolvimento. A
nossa economia precisa urgentemente de um cho-
que de confiança. Em menos de 25 anos, vimos o
PIB da indústria despencar de 25% para 12,5%,
ou seja, metade do que era, nos colocando nova-
mente no patamar dos anos de 1950.
Diante desse quadro, a Fiesp reduziu a projeção
para o crescimento do PIB do Brasil em 2014 de
1,0% para 0,7%. E a nossa expectativa é que haja
um recuo de 3,1% no PIB da Indústria de Trans-
formação. Nossa projeção para o Indicador de Ní-
vel de Atividade, INA, de 2014 é que encerre com
uma queda de 5,0%. Se a expectativa se confirmar,
será o pior resultado do indicador, com exceção
do ano de 2009, ano da crise econômica mundial,
quando o INA apresentou retração de 9,3%.
É visível a todos que o setor industrial vem sen-
do agredido por um ambiente econômico hostil,
que pede reformas estruturais urgentes para ata-
car o problema de perda de competitividade da
economia brasileira verificada nos últimos anos,
em particular da Indústria de Transformação. E o
novo governo precisa ter foco nessa questão. Será
preciso elaborar e executar um plano integrado
e consistente, objetivando promover o pleno de-
senvolvimento econômico do país. É fundamen-
tal que haja ousadia por parte do governo e ousa-
dia na implementação de reformas estruturantes,
pois não há mais espaço para medidas paliativas.
Particularmente, reformas que reduzam o Custo
Brasil assumem papel crucial.
Assim, o nosso desejo é que sejam criadas as con-
dições econômicas para uma redução sustentável
da taxa de juros. Não podemos mais conviver com
uma das taxas de juros mais altas do mundo, pois
o setor empresarial e a sociedade como um todo
não aguentam mais esse fardo.
É evidente que o empresário deve ser ativo no
aperfeiçoamento do seu processo produtivo, bus-
cando sempre inovar seus produtos e processos,
ganhar competitividade. Mas isso tem que ser
uma via de duas mãos: o governo tem que fazer
a sua parte.
Somente com esse ambiente e um conjunto de
medidas corajosas é que farão o Brasil voltar a
participar do ciclo virtuoso do mundo.
* Benjamin Streinbruch é o presidente da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
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